Com mudanças de siglas, Zema pode ficar sem bloco governista.

O bloco de apoio ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais pode deixar de existir. Com as mudanças de partido que os deputados realizaram para disputar as eleições deste ano, o grupo, que tinha 19 parlamentares terminou com 12.

Regimentalmente, um bloco precisa ser composto por 16 deputados ou mais. Nos partidos ainda não há definição se a distribuição de forças na ALMG continuará a mesma e essa situação ainda pode ser revertida.

Ao todo, 26 deputados entre os 77, ou seja, um terço da Casa, mudaram de legenda. Dos três blocos que compõem a ALMG, o Bloco Luiz Humberto Carneiro, que dá sustentação a Zema, foi o que mais perdeu parlamentares. O grupo perdeu sete deputados, caindo de 19 para 12. Novo, Avante, Podemos, PSDB, PP, PSC e Solidariedade compõem o bloco.

Entre os partidos governistas, o PSDB sofreu três baixas. Destaque para o vice-presidente da ALMG, o deputado Antônio Carlos Arantes, nome muito próximo de Zema, que deixou o PSDB e se filiou ao PL, partido que anunciou a pré-candidatura ao Estado de Carlos Viana e atualmente está no bloco de oposição.

O líder de governo, deputado Gustavo Valadares, também se torna um ex-tucano para se filiar ao PMN, partido que até então não tinha representação na ALMG. Tito Torres deixa a sigla e segue para o PSD. Apesar das saídas, o partido ganhou Leonídio Bouças, que saiu do MDB.

Além das trocas entre os tucanos, vale destacar que o próprio líder do bloco, o deputado Roberto Andrade, foi para um partido fora do bloco. Ele deixa o Avante e migra para o Patriota (que participa de bloco independente).

O deputado Bosco também saiu do Avante e foi para o Cidadania, outro partido pertencente ao bloco independente. Apesar das baixas, o Avante ganhou o deputado Arlen Santiago, que deixou o PTB.

No caso do PSC, o deputado Raul Belém, parlamentar que já foi líder do bloco governista, deixou a sigla e se filiou ao Cidadania. Além de Belém, o partido perdeu o deputado Gustavo Mitre, que foi para o PSB. O deputado Noraldino Júnior permanece na sigla, e o deputado Cleitinho deixa o Cidadania para se filiar à sigla.

Já o Podemos perdeu Neilando Pimenta para o PSB (bloco de oposição) e Rosângela Reis para o MDB (que integra bloco independente). Betinho Pinho Coelho deixou o Solidariedade e se filiou ao PV. O Novo e o PP não tiveram nenhuma baixa.

O deputado Roberto Andrade foi procurado pela reportagem e questionado sobre o futuro do bloco com a nova redefinição partidária, no entanto ele não havia respondido até o fechamento desta edição.

Nos bastidores, esse assunto é tratado como indefinição, mas o entendimento majoritário é que os partidos aguardam a distribuição de forças no xadrez eleitoral para redefinir a composição dos blocos.

PL foi legenda que mais cresceu

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, foi a legenda que mais ganhou deputados durante a janela partidária. Os liberais saltaram de duas cadeiras na Assembleia para nove.

Na lista, há deputados declaradamente bolsonaristas, como Coronel Sandro e Bruno Engler. No entanto, a sigla compõe o bloco de oposição, fato que fez com o bloco Democracia e Luta saltasse de 17 deputados para 25. A dúvida, porém, é saber se os liberais continuam na oposição a Zema, ao lado de partidos da esquerda, como PT e PCdoB, ou saem.

Apesar de o cenário ainda ser indefinido, segundo pessoas ligadas ao partido, os liberais podem deixar o bloco e atuar como bancada. A interpretação é que o bloco funciona mais como uma questão burocrática do que ideológica ou de apoio político. O grupo facilita o acesso a cargos nas comissões temáticas da Assembleia.

Caso ocorra a saída dos deputados do PL do bloco, o grupo de oposição vai contar com 16 parlamentares. Deixou também o grupo o deputado Professor Claiton, que saiu do PSB e se filiou ao PV.

O líder do bloco, André Quintão, foi procurado, mas ele preferiu não comentar esse cenário, pois, segundo ele, é preciso estar tudo oficializado para que se tenha um melhor entendimento das correlações de forças e como vão se organizar os partidos.

O PT, antes das mudanças, era o dono da maior bancada da Assembleia. Agora, fica empatado com o PSD, com dez parlamentares cada um. Os petistas subiram de nove para dez parlamentares por causa de Andréia de Jesus, ex-PSOL, e nenhum parlamentar deixou a legenda.

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