Começa operação das Forças Armadas para combater desmatamento na Amazônia
‘Alertas de desmate cresceram 55%
Bolsonaro autorizou operação de GLO
Ação inicia-se no PA, no MT e em RO
As Forças Armadas enviam a partir desta 2ª feira (11.mai.2020) tropas para combater o desmatamento e os focos de incêndio na Amazônia Legal. A operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) foi autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro na última 4ª feira (6.mai.2020).
Batizada de Operação Verde Brasil 2, a GLO começará em 3 Estados: Pará, Rondônia e Mato Grosso. Depois, deverá ser estendida para as demais regiões. As ações irão até 10 de junho. O período de atuação poderá ser ampliada a pedido dos governadores. Quem coordena o trabalho é o vice-presidente Hamilton Mourão.
É o 2º ano consecutivo que o governo federal recorre aos militares para esse tipo de trabalho. Desta vez, a diferença em relação a 2019 é grande. No último ano, só em 23 de agosto as Forças Armadas foram acionadas.
Triunfo do Xingu, no Estado do Pará, em 19 de setembro de 2019
No 1ª ano de gestão Bolsonaro, o aumento de queimadas e desmatamento na Amazônia repercutiu negativamente no Brasil e no exterior. De agosto de 2018 a julho de 2019, a área desmatada foi de 9.762 km² , a maior desde 2008. Foi 1 aumento de 29,5% em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2017 a julho de 2018), segundo dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) divulgados pelo Inpe(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Agora, a ideia é evitar as encrencas de 1 ano atrás. Será 1 desafio. Os alertas de desmatamento na floresta saltaram 64% em abril de 2020, na comparação mês do ano passado, segundo o sistema Deter(Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, que serve para embasar ações de fiscalização. No acumulado de janeiro a abril, o crescimento foi de 55% em relação ao ano passado.
Segundo o decreto de GLO, os militares atuarão em ações preventivas e repressivas na faixa de fronteira, terras indígenas, unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas federais da Amazônia legal.
Na avaliação do governo, a partir de agosto de 2019, quando foi decretada a presença de militares na região, houve uma diminuição no ritmo de corte de árvores e as queimadas criminosas.
As missões de GLO são realizadas quando há esgotamento das forças tradicionais de fiscalização. Tradicionalmente, esse combate é executado por órgãos ambientais como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
Defensores do meio ambiente alegam que as Forças Armadas não podem substituir permanentemente o trabalho de agências ambientais, que nos últimos anos vem sofrendo com desfalques nos quadros de servidores.
Para Luiza Lima, do Greenpeace, o governo Bolsonaro promove inúmeras mensagens que estimulam a destruição da floresta.
“Enviar as tropas da GLO para uma temporada na Amazônia não deve fechar as feridas que o próprio governo está obstinado em abrir. Ao mesmo tempo, ao militarizar o comando das ações ambientais, a estratégia segue sendo a de rebaixar a autonomia dos órgãos que têm essa função de Estado”, disse.
A última GLO na Amazônia, batizada de Operação Verde Brasil, durou de agosto a outubro de 2019. Foram mobilizados 9.747 pessoas, ao custo de R$ 124,5 milhões (íntegra – 421 kb).
A quantia é maior do que o todo o orçamento gasto pelo Ibama com fiscalização e combate a incêndios durante o ano de 2019: R$117,6 milhões.
ÍNTEGRA
Além de Bolsonaro, assinam o decreto, de nº 10.341, os ministro: André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Augusto Heleno (GSI).
Eis a íntegra (464KB):