Indústria automotiva brasileira tem o pior janeiro em produção em 19 anos.
No mesmo dia que o Banco Central divulgou relatório mostrando projeções de alta na inflação e de um Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro mínimo em 2022, a entidade que representa os fabricantes de veículos no Brasil trouxe um dado preocupante.
A produção de veículos caiu 27,4% em janeiro contra o mesmo mês do ano passado, somando 145,4 mil unidades entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Na comparação com dezembro, a queda foi de 31,1%.
Divulgado nesta segunda-feira (7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o balanço revela o janeiro mais baixo na produção da indústria automotiva em 19 anos.
Como as montadoras tiveram que correr em dezembro para finalizar automóveis cuja produção não seria mais permitida neste ano, dado o novo limite de poluição veicular aceito no país, o tradicional recesso de fim de ano foi adiado em muitas fábricas. Assim, parte considerável do parque industrial automotivo ficou parada durante a primeira quinzena do mês.
O aumento na produção no fim do ano passado permitiu ao setor começar 2022 com mais veículos em estoques, porém as vendas de janeiro foram as mais baixas para o mês em 17 anos. No total, 126,5 mil veículos foram vendidos no Brasil em janeiro, 26,1% a menos do que no primeiro mês de 2021. Frente a dezembro, a queda foi de 38,9%.
Exportações têm queda de 33,5%
As exportações subiram 6,6% ante janeiro do ano passado, mas na comparação com dezembro houve queda de 33,5%. Com destino principalmente à Argentina, os embarques de veículos somaram 27,6 mil unidades, na soma de todas as categorias, no mês passado.
A rápida recuperação após o pico da pandemia em mercados como Chile, Colômbia, Peru e Uruguai ajudou a impulsionar as exportações de veículos brasileiros em 2021, apesar das restrições comerciais impostas pelo governo argentino. Com isso, as 376,4 mil unidades exportadas representaram crescimento de 16% sobre o ano anterior.
Pela primeira vez, a Argentina representou menos da metade dos embarques nacionais (34% do total). Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,8%, por conta do envio mais representativo de veículos com maior valor agregado, como caminhões e SUVs. Para 2022, a expectativa é de exportar 390 mil unidades, um incremento de 3,6% sobre o ano anterior.
O balanço da Anfavea mostra ainda que as montadoras de veículos abriram 285 vagas de trabalho em janeiro, empregando no fim do mês 101,3 mil pessoas.
JORNAL O TEMPO