Marco Vicenzo apresentou um requerimento ao Tribunal Superior Eleitoral nesta segunda-feira para refundar o partido udenista
São Paulo — Enquanto vários partidos políticos do Brasil buscam renovar sua imagem desgastada com eleitores, o advogado Marco Vicenzo vai na direção contrária com seu plano de refundar a União Democrática Nacional (UDN) — uma das principais siglas do turbulento período entre as ditaduras de Getulio Vargas (1937-1945) e militar (1964-1985).
Nesta segunda-feira (22), o advogado protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um requerimento administrativo para relançar o partido, que foi extinto em 1965, após a promulgação do Ato Institucional 2 (AI-2) pelo general Castelo Branco.
De forma inédita, Vicenzo aposta em uma alternativa jurídica para obter sucesso. Ele solicita que seja declarada a inconstitucionalidade do AI-2 e, assim, reaver a atividade política do “único partido verdadeiramente de direita do Brasil”, como ele mesmo descreve.
Caso a tese seja aceita pelo tribunal, ele não precisaria passar pelo penoso processo exigido para fundação de um novo partido, como recolher 500 mil assinaturas e criar um diretório para os membros.
Em entrevista a EXAME, o advogado explica que seu principal objetivo é resgatar o histórico de luta da UDN, que foi marcada por ser “conservadora nos costumes e liberal na economia”.
“Há muita gente querendo refundar a UDN, mas nunca levando em consideração a importância histórica do partido para a política do país”, diz Vicenzo, acrescentando que a sigla foi tão forte que se transformou em um movimento, o udenista.
Na época, as pautas do partido eram focadas no anti-getulismo e na moralidade pública tendo como alvo a classe média e profissionais liberais.
O advogado, um dos representantes de um grupo que está empenhado em reviver o partido, não sabe dizer quanto tempo a análise pelo TSE vai levar, mas acredita que sua proposta será aceita.
Conservadores e liberais
Ao se declarar conservador nos costumes, Vicenzo reconhece que não terá como manter todas as tradições da década de 40. No entanto, garante que fará uma “atualização para os tempos de hoje”.
“Naquela época a mulher não podia votar, mas hoje nós sabemos da importância disso e devemos preservar esse direito”, afirma, sem dar mais explicações sobre o que seria a atualização dos padrões conservadores.
Questionado em relação a boatos envolvendo a migração do clã Bolsonaro do PSL para a possível nova UDN, o advogado disse que não existe uma discussão em curso, mas que o partido “está de portas abertas para receber o presidente”.