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Áudios mostram conversas sobre falsificação de comprovantes de imunização contra Covid: ‘Esse bagulho de vacina é o maior BO’.

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Áudios mostram conversas sobre falsificação de comprovantes de imunização contra Covid: ‘Esse bagulho de vacina é o maior BO’.

Os investigadores sabem que o esquema inclui também a venda de ingressos para festas e shows, cartões Riocard e até bilhetes de ônibus interestaduais.

Um homem foi levado para depor na delegacia. Fernando Catarino dos Santos Rocha foi encontrado pelos policiais em casa. Ele vive com a família em uma ocupação no Centro.

Áudios apreendidos em celulares de suspeitos revelam conversas sobre as investigações.

“Não é que eu compro de quem, eu sou atracador, sou papagaio. Eu estou lá, você chega, ó: ‘eu tenho, você tem?’ Tenho”, disse ele.

Áudios que estavam no celular de um ambulante detido na última sexta (21) mostram negociações de comprovantes.

Ambulante: “Estão me pagando aqui, estão precisando de uma carteira de vacinação, tá? Aí você faz aí para a gente, por favor”.

Fernando: “É um por vez, o nome completo, o CPF separado, para eu colar e agilizar”.

Verde é um dos apelidos de Fernando Catarino, também conhecido como ‘Angra’.

Em uma das conversas, um ambulante pede um cartão de vacinação. Fernando recebe as informações e responde com um comprovante falso do Conecte SUS.

Na sexta, o RJ1 mostrou a venda de cartões de vacinação físicos e virtuais na Uruguaiana e Bioparque do Rio. Em uma mensagem gravada depois da exibição da reportagem, Fernando e um ambulante comentam o caso.

Fernando: “Esse bagulho de vacina é maior B.O mesmo, contra a saúde pública, tá ligado? E eu tinha acabado de fazer dois cartões para ele”.

Ambulante: “Os caras falaram que viram um monte de Pix com nome de Fernando, está com teu número lá, falando que tu fez cartão de vacina, atividade, hein”.

Fernando: “Eu já estou com outro número, eles falaram que ia rolar investigação lá”.

Busca por comparsas

 

As investigações se estenderam na direção da venda irregular de ingressos para pontos turísticos, shows, passagens de ônibus interestaduais e até cartões Riocard. Fernando Catarino seria um intermediador desta rede. A defesa dele não foi encontrada.

“Ele é o intermediador. Ele articula junto com os outros ambulantes, ele fornece o produto e ele fica com a vantagem ilícita”, disse a delegada Cristiana Onorato.

As investigações buscam desvendar possíveis conexões nas companhias responsáveis pelos locais.

“Queremos saber quem faz a manipulação desses ingressos, como que eles são adquiridos juntos a essas empresas, e prossegue, a investigação continua”, disse a delegada.

A Justiça não concedeu a prisão do suspeito. Ele não se pronunciou mas, em um áudio, ele tranquilizou os comparsas sobre a ação dos policiais da Delegacia de Apoio ao Turismo (Deat) em frente ao AquaRio.

Fernando: “Aquilo lá é a ‘Deart’, cara, ‘Deart’. Já ensinei dez vezes para o cara, não aprende. ‘Deart’ cuida de roubo e furto ao turista, entendeu? ‘Deart’ agora, a nós, é Decon, entendeu? Decon. Nosso crime é Decon,”.

Identificação dos receptadores

Fernando Catarino, que tomou as duas doses da vacina contra Covid, e os vendedores detidos na sexta poderão responder por associação criminosa, receptação e estelionato. O celular do suspeito está apreendido. A polícia vai pedir a quebra de sigilo do aparelho, o que deve ajudar os investigadores na busca por informações dos clientes que compraram cartões de vacinação falsos. Eles serão identificados e chamados para depor.

“Temos que atentar também para os consumidores, aqueles que obtêm essa vantagem, esses ingressos, essa carteira de vacinação falsa, eles podem responder, estamos com o cadastro de todos eles, eles podem responder pelo crime de receptação”, destacou a delegada.

G1 RIO