Neste sábado, vésperas do Dia das Mães, muitos estabelecimentos comerciais não considerados essenciais de Belo Horizonte abriram as portas, contrariando recomendações da Prefeitura de Belo Horizonte. Na avenida Abílio Machado, importante centro de comércio da região Noroeste da capital, lojas de chocolates, presentes, roupas e calçados e papelarias funcionavam com portas abertas até o meio, sendo a maioria com clientes em filas do lado de fora.
Apesar da proibição de funcionamento do comércio não essencial, comerciantes alegam que precisam trabalhar para manter os funcionários empregados e as contas em dia. É o caso de Nathália Alves, proprietária de uma papelaria na avenida. Ela está funcionando em meia porta e atende os clientes do lado de fora. Quando chega a fiscalização, fecha o estabelecimeto imediatamente. “A gente está mantendo a porta fechada e só estamos fazendo aquilo que todos os jornalistas estão fazendo: trabalhando”.
A comerciante afirma que perdeu aproximadamente 30% da receita mensal desde o início da pandemia e defende a reabertura gradual do comércio. “Acho que tem que reabrir sim porque acho importante a economia girar. Não sou nada bolsonarista, mas penso em todos os meus colegas, os comerciantes, os funcionários, os prestadores de serviço, mesmo porque não conheço ninguém que tem ou teve a doença”.
Também o artesão Girleno Alves Meirelles, 71, foi às ruas para vender suas flores em um arranjo feito com garrafa pet na esperança de que o movimento do Dia das Mães rendesse algo. E realmente o movimento era grande na região, mas, segundo ele, as vendas nem tanto. “Eu vendo meu artesanato na avenida Afonso Pena, mas a feira [hippie] está fechada, então eu tenho vindo aqui aos sábados”, conta.
Mas, segundo ele, a fiscalização é constante e, por vezes, os fiscais acabam estragando os produtos.”Minhas plantas são naturais e os guardas vêm e destroem tudo, e a gente precisa de dinheiro”, afirma. Questionado sobre o auxílio emergencial liberado pelo governo federal, ele disse que não tentou.”Aquele não dá para mim porque sou analfabeto e ganho um salário mínimo. Certamente tem gente que precisa mais que eu”.
Já na Savassi alguns estabelecimentos funcionavam em sistema de pedidos via WhatsApp e entrega em domicílio. Dona de uma loja de calçados na avenida Getúlio Vargas, Sandra Patrícia diz que até queria poder funcionar, mas a fiscalização tem sido ostensiva na região. “Aqui a Guarda Municipal tem passado com frequência verificando se tem alguém funcionando”.
Ela disse ainda que há clientes que vão até a porta querendo entrar, mas ela não permite porque está sujeita a multa e a suspensão do alvará de funcionamento, conforme previsto do no Decreto 17.304/2020, publicado em 18 de março. “Estamos trabalhando com os clientes que entram em contato via WhatsApp da loja, enviamos fotos dos modelos que temos e entregamos, se a compra for efetivada”, explica.
Após esse decreto, outros dois já foram publicados prevendo a suspensão por tempo indeterminado de alvarás de localização e funcionamento, e autorizações emitidos para realização de atividades com potencial de aglomeração de pessoas para enfrentamento da situação de emergência pública declarada.