(texto original extraido da Página Facebook do Deputado Elder Salomão).
Juntamente com mais de 60 organizações, entidades e lideranças, assinei manifesto contra a abertura de Shoppings e pela adoção do lockdown.
Nosso mandato estará sempre em defesa da vida e da adoção de medidas de apoio aos pequenos empreendedores com o objetivo de preservar empregos.
MANIFESTO CONTRA A ABERTURA DE SHOPPINGS E
PELA ADOÇÃO DO LOCKDOWN: NOSSOS MORTOS TÊM VOZ E NÓS TAMBÉM
Neste momento em que o Brasil é considerado epicentro global da pandemia do novo coronavírus, com 25 mil mortos pela Covid-19 (dados de 29 de maio) e os números subindo, em que o Espírito Santo registra praticamente 90% dos leitos ocupados e 569 mortes, sendo 122 delas nos últimos seis dias, é extremamente grave que o governo estadual pense em autorizar a reabertura de shoppings centers.
Causa espanto que o governador não considere a Nota Técnica no3, emitida do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), coordenado por pesquisadores da UFES e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), e que subsidia tecnicamente a Sala de Situação de Emergência em Saúde Pública do governo do Estado. A nota alerta que, se nada for feito para manter o isolamento social, o estado perderá, até 15 de junho, pelo menos 1.327 vidas para a Covid 19.
Por isso, nós, pessoas, entidades de classe e sindicais e do movimento social e estudantil nos posicionamos contra a abertura do comércio, especialmente shoppings centers, e exigimos a adoção do lockdown.
Em 18 dias de abertura parcial do comércio, iniciada em 11/05, até 29/05, tivemos 5.893 novos casos, com óbitos em crescimento também. A abertura de shoppings pode ampliar ainda mais a estimativa de mortes feitas pelo NIEE.
Isso porque, só para citar um dos hospitais da rede de atendimento, o Dório Silva, no seu Boletim Epidemiológico Covid 19, atualizado às 12h de 30/05 (material que fica visível na unidade), está com 89,36%% de seus leitos de UTI ocupados. Significa dizer que o corpo médico pouco conseguirá fazer para salvar vidas. Não há capacidade de atendimento. Não há mágica, nem esforço pessoal e coletivo para dar conta da tragédia anunciada. Só a prevenção e a ciência levada a sério pelos governantes evitarão que milhares de capixabas percam a vida.
É lamentável, triste e apavorante que justamente neste momento, o governo estadual
pense em afrouxar as medidas de isolamento social, sucumbindo à pressão de empresários e grupos de extrema direita que vociferam contra o isolamento social, demonstrando que não possuem nenhum respeito ou sensibilidade diante da dor e das mortes causadas pela pandemia. Quando a razão cedeu à sandice e a ignorância tomou o lugar do conhecimento? Será que as centenas de corpos sepultados no ES não significam nada para quem governa?
Será que consideram pouco o número de mortos e de pessoas contaminadas no Estado? Será que a vida de dona Sueli, de Joelma e de tantas outras pessoas não significam nada para quem foi eleito pelo voto do povo?
Será que o sofrimento de milhares de pessoas que não têm um lugar adequado para fazer o isolamento necessário, no caso de contaminação, não faz diferença para os gestores públicos? Do que adianta ter cientistas auxiliando com dados a Sala de Situação de Emergência se não os consideram?
O Espírito Santo deveria ir além e dar exemplo de como salvar vidas, mas prefere ceder à pressão econômica. Poderia, como foi feito pelo consórcio de governadores do Nordeste, que, no final de março, formou um comitê científico. Além do lockdown, o comitê criou um aplicativo, o Monitora, que mostra em tempo real onde estão os casos suspeitos. Com isso, atuaram na base, nos bairros, enviando equipes (incluindo agentes de saúde da família), realizando testes, entrevistas aprofundadas, para ver se a pessoa realmente estava com o novo coronavírus. A partir daí, instruíam como deveria se comportar, se tratar e, se fosse necessário, encaminha-la ao hospital. O Espírito Santo, além de uma curva ascendente de contaminação, já ultrapassou o limite de 80% dos leitos ocupados. Portanto, já deveria ter adotado o lockdown e outras medidas mitigadoras.
Nossos pensamentos estão voltados para a recuperação do governador e dos seus familiares, bem como de todas as pessoas infectadas no Estado e às famílias enlutadas. Não é preciso lembrar às autoridades que mortos não votam, mas seus familiares sim. O governante que desafiar a ciência, sucumbir aos apelos de empresários e negacionistas estará fadado à vala comum da história. Nossos mortos têm voz e nós também!