DER-MG ainda não tem previsão sobre o retorno do pleno funcionamento da fiscalização.
As estruturas deixaram de funcionar por conta do fim do contrato com as empresas responsáveis pelos postos de pesagem. “Como pela legislação não é mais possível prorrogá-los, o DER-MG está em fase de estudos para contratação de novas empresas para a operação das balanças”, enfatizou em nota. A entidade não deu um prazo para a retomada das vistorias nos locais.
Na MGC-367, uma das principais rodovias que corta a região do Vale do Jequitinhonha, a preocupação já é grande. Conforme um ex-funcionário terceirizado que não quis se identificar, pelo menos 200 caminhões passavam pela balança da via, entre Diamantina e Couto Magalhães, todos os dias.
“É um local muito movimentado, com trechos de serra e acidentes graves de veículos que perdem o freio. Antes, o excesso de peso era fiscalizado e os infratores obrigados a retirar a carga excedente. Isso ajudava a evitar os riscos”, diz.
A pesagem na estrada funcionava 24 horas e foi desligada no fim de semana. O profissional conta ainda que 14 pessoas perderam o emprego só na estrutura em Diamantina. “Estamos esperando abrirem uma nova licitação e a empresa vencedora nos chamar de volta para trabalhar”, alega.
Na região metropolitana de Belo Horizonte, estão paralisados os postos de pesagem na LMG 808, em Contagem, e na MGC-432, no bairro Caracóis, na cidade de Esmeraldas. Segundo o DER-MG, seguem ativas as quatro balanças na MG-050, em Carmo do Cajuru, na região Centro-Oeste, e São Sebastião do Paraíso, na divisa com São Paulo, MG-179, em Pouso Alegre, e a MG-290, em Borda da Mata, também no Sul.
Conservação das rodovias
Doutor em engenharia de tráfego, Frederico Rodrigues lembra que as balanças ajudam na conservação do pavimento das rodovias ao flagrar caminhões com carga mais pesada que o permitido pela legislação de trânsito.
“Todo asfalto é dimensionado por um número específico de veículos pesados com um peso máximo permitido por eixo. Quando não existe a pesagem, infelizmente muitos transportadores tentam otimizar o lucro e acabam trafegando com cargas maiores”, explica.
Além de provocar os danos na infraestrutura viária, o especialista conta que a paralisação do serviço também afeta a segurança no trânsito, principalmente nas rodovias estaduais, que na maioria dos casos possui pista simples.
“Veículos mais pesados possuem maior energia cinética e quando se envolvem em acidentes, os prejuízos são mais significativos. O que mais mata nas estradas do Brasil é a colisão frontal”, acrescenta.
Nove meses paradas
Em 2015, as 75 balanças existentes na época no Estado chegaram a ficar nove meses com as atividades paralisadas entre o fim dos prazos contratuais e a nova licitação para a operação das estruturas.
Depois de cinco anos, a situação volta a afetar a fiscalização nas rodovias mineiras – no período, ainda houve uma diminuição de quase 35% no número de locais para pesagem nas vias estaduais.
No Código de Trânsito Brasileiro, as cargas máximas dos veículos pesados nas rodovias variam conforme o porte do caminhão e ainda a quantidade de eixos. Já o condutor que não entrar no posto de pesagem comete infração grave, com multa de R$ 195,23 e perda de cinco pontos na Carteira de Habilitação.
Concorrência mais justa
O consultor técnico do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Luciano Medrado, diz que problema com as balanças prejudica todo o setor.
“As entidades apoiam a pesagem, que faz a concorrência ficar mais justa. Só consideramos que o peso não deveria ser feito entre eixos, mas sim pelo total, já que as cargas mexem muito durante o transporte e podem sair do lugar”, exemplifica.
Para o sindicalista, as condições ruins das estradas, que podem ser agravadas pelo excesso de peso em caminhões irregulares, aumentam o custo de manutenção das empresas do setor.
“Muitas vezes somos penalizados como os principais responsáveis pelo desgaste da pista da estrada, e como em alguns locais as balanças não funcionam, essa responsabilidade fica só nossa. Mas temos que lembrar que o problema maior é a qualidade do asfalto”, finaliza.
Postos de pesagem sem funcionar em Minas
Confira as rodovias e cidades que estão com o serviço paralisado desde o início da semana:
Região metropolitana de Belo Horizonte
Contagem (LMG 808, KM 14)
Esmeraldas (MG 432, KM 6,5)
Centro-Oeste de Minas
Pará de Minas (MG 431, KM 6,5)
São Gonçalo do Pará (MG 430, KM 26,5)
Itaúna (MG 431, KM 54,6)
Cláudio (MG 260, KM 16)
Oliveira (MGC 369, KM 4)
Arcos (MG 170, KM 56,5)
Pedra do Indaiá (MG 164, KM 218)
Córrego Fundo (MG 439, KM 5,8)
Bom Despacho (MG 164, KM 136)
Pompéu (MG 420, KM 14,5)
Região Central
Entre Rios de Minas (BR-381, KM 32)
Dores de Guanhães (MGC 120, KM 356)
Santa Bárbara (MG 353, KM 145)
Zona da Mata
Dona Euzébia (MGC 120, KM 745)
Rio Pomba (MGC 265, KM 109,2)
Rio Casca (MG 329, KM 104)
Acaiaca (MG 262, KM 30)
Juiz de Fora (LMG 874, KM 5)
Rochedo de Minas (MG 126, KM 36,6)
Palma (MG 285, KM 0,3)
Goianá (MG 353, KM 48,8)
Alto Paranaíba
Ibiá (MG 187, KM 67)
Patos de Minas (MGC 345, KM 171)
Nova Ponte (MG 190, KM 126,3)
Ituiutaba (MGC 154, KM 53,6)
Vale do Jequitinhonha
Diamantina (MGC 367, KM 583)
Região Noroeste
Paracatu (MG 188, KM 149)
Triângulo Mineiro
Uberlândia (BR-497, KM 18,5)
Araguari (MG 223, KM 114,5)
Tupaciguara (MGC 452, KM 54,6)
Sul de Minas
Lavras (LMG 506, KM 1)
Bom Sucesso (MG 332, KM 6)
Aguanil (MGC 369, KM 77)
Monte Carmelo (MG 190, KM 21,5 e MG 223, KM 18,5)
Pratápolis (MG 344, KM 82,6)
Alpinópolis (MG 446, KM 9,3)
Arceburgo (MG 449, KM 9,3)
Região Nordeste
Nanuque (BR-418, KM 16,6)