Medida foi tomada por conta da paralisação da produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O Hospital Santa Rita, em Vitória, divulgou que, devido à paralisação da produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), terá de suspender, a partir da próxima segunda-feira (27), o atendimento a pacientes que necessitam de exames e tratamentos com radiofármacos e radioisótopos, sem previsão de retorno
O Ipen, órgão do governo federal responsável pela produção de 85% desse material que abastece hospitais e clínicas de diagnóstico por imagem em todo o país, alega não ter mais verba para a compra de insumos radioativos.Segundo o hospital, essa suspensão afeta diretamente a realização dos exames de imagem e tratamento dos pacientes com câncer, a exemplo do iodo-131 utilizado na terapia da neoplasia diferenciada de tireoid.
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“O Hospital Santa Ritaciedades médicas, busca meios para a solução do problema e o retorno, o mais rápido possível, à plena atividade da medicina nuclear”, diz parte da nota divulgada pelo hospital.
Conforme o anúncio feito na terça (14), o instituto está sem verba para continuar a produção dos insumos usados para a detecção e o tratamento de câncer, após um corte de 46% da verba do instituto pelo governo federal em 2021.
No ano passado, a verba repassada ao Ipen pelo governo federal foi de R$ 165 milhões. Neste ano, até agosto, o instituto recebeu pouco mais de R$ 91 milhões.
Em carta enviada na semana passada aos hospitais e laboratórios que consomem os produtos do instituto, o Ipen afirmou que ter feito um pedido ao governo para a aprovação de recursos extras no valor de R$ 89 milhões. A verba, no entanto, precisa passar por aprovação do Congresso Nacional e, depois, por sanção presidencial.
“Estão faltando mais de R$ 70 milhões para a gente terminar o ano. Sem contar a valorização do dólar, porque tem uma boa parte de insumos que são importados. Então, já era uma situação prevista e que vinham tentando brigar para reverter”, afirmou o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos do Ipen no estado de São Paulo, Luiz Antonio Genova.
Os radiofármacos produzidos pelo Ipen têm duas funções. Uma é o tratamento em si que, no caso de alguns tipos de câncer, são a única opção. Outra é o diagnóstico por imagem – exames que ajudam a detectar a presença do câncer e de outras doenças, como Alzheimer.
O desabastecimento causado pela paralisação no Ipen pode afetar cerca de 2 milhões de pessoas em todo o país, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
Falta de verba suspende produção de medicamentos para diagnóstico e tratamento de câncer.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT) pediu na sexta (17) ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue a paralisação da produção de insumos pelo Ipen.
“É uma combinação macabra de desprezo à vida: ao cortar recursos para a produção de medicamentos e insumos para diagnósticos, com a ganância do lucro, ao ensaiar abrir este setor para interesses privados”, afirmou o parlamentar.
No pedido feito ao TCU, o deputado federal Alexandre Padilha, que é membro da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que discute ações contra o avanço do novo coronavírus, afirma que “a medida é imprescindível para a saúde pública no país”.
O parlamentar também protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento para que o ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), seja ouvido pela casa e preste esclarecimentos sobre os cortes de verba do Ipen.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) afirmou na quinta (16), por meio de nota, que “desde junho de 2021 vem trabalhando com o Ministério da Economia para a maior disponibilização de recursos para a produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares”.
“Para a recomposição do orçamento do Instituto, o governo federal por meio do MCTI está sensibilizando o Congresso Nacional pela votação e aprovação do PLN 16/2021 prevista para a próxima semana”, disse a nota da pasta.
G1 ESPIRITO SANTO