O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), em Três Lagoas (MS), denunciou Aparecida Graciano de Souza por matar por motivo torpe e ocultar o cadáver de Antônio Ricardo Cantarin, de 63 anos. A mulher é suspeita de assassinar o marido com veneno de rato e esquartejar o corpo da vítima.
O promotor Luciano Anechini Lara Leite apresentou denúncia, 11 dias após o crime, por homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de veneno e mediante dissimulação, além do crime de destruição e ocultação de cadáver.
A medida foi baseada no depoimento de Aparecida, que alegou que as discussões entre os dois começaram porque Antônio “não a valorizava, e que deu veneno para o marido fingindo que era remédio para barriga”.
De acordo com o depoimento da idosa, a suspeita passou a tarde inteira conferindo, a cada 5 minutos, se a vítima ainda estava viva após envenená-la.
Advogado de Aparecida, Júlio Cesar, disse que a equipe de defesa ainda não recebeu a denúncia do MPMS.
O crime ocorreu no dia 22 de maio. Os restos mortais de Antônio foram encontrados dentro de uma mala e sacos de lixo, na BR-158. O restante do corpo da vítima estava em um congelador, utilizado para armazenamento de alimentos, usados para venda de lanches. Em depoimento, Aparecida negou envolvimento com o crime, mas depois de se contradizer com as informações, confessou o homicídio.
A mulher está presa, em Três Lagoas (MS), a 74 km de Selvíria, cidade onde os dois moravam.
Antônio Ricardo Cantarin foi assassinado pela esposa — Foto: Arquivo Pessoal
Entenda o caso
O crime começou a ser investigado no dia 25 de maio, quando um homem encontrou às margens da BR-158 a mala com os restos mortais da vítima. No entanto, no local estava apenas o tronco do corpo de Antônio.
Depois de conversas com vizinhos, os investigadores chegaram até a esposa do homem morto. Em depoimento, a mulher esboçou nervosismo e negou envolvimento com o crime, mas depois de se contradizer com as informações, confessou o homicídio.
À polícia, a suspeita relatou que deu veneno para ratos para o marido e, depois, sem saber o que fazer com o corpo, o esquartejou.
“A suspeita confessou que em um momento de estresse cometeu o delito. Durante o depoimento, a mulher poucas vezes demonstrou arrependimento. Foi muito fria no depoimento. A vítima necessitava de cuidados especiais, e, em depoimento, a suspeita disse que estava ‘cansada de cuidar’ do marido”, comentou o delegado Felipe Rocha.
Contudo, a defesa de Aparecida negou que o motivo do crime tenha sido o estado de saúde da vítima. Além disso, os advogados disseram que a mulher estava “extremamente abalada com a situação” e precisou de atendimento psicológico dentro da unidade prisional.
Já a sobrinha de Antônio, Márcia Dias, relatou que o idoso começou a se relacionar com a suspeita há pouco mais de dois anos. De acordo com Márcia, nos últimos meses a vítima estava distante da família, que se surpreendeu com o crime.
Segundo ela, Antônio sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há mais de dez anos e tinha dificuldades de locomoção.
“Meu tio sempre foi uma pessoa alegre e carinhosa com toda a família. Mesmo com as limitações do AVC, ele nunca reclamava de nada. Dói muito pensar no quanto ele sofreu e a tortura que passou com esse crime bárbaro”.