Mulher denuncia caso de importunação sexual durante partida no Mineirão.

Mais um caso de importunação sexual foi registrado no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Uma mulher de 36 anos denunciou que um homem se aproximou, encostou e passou a mão nela, nesse sábado (11), durante a partida entre Atlético-MG e Santos.

A reportagem do g1 conversou com o suspeito, que nega as acusações.

Ela disse que pediu três vezes para que ele parasse, mas o suspeito continuou. A mulher então trocou de lugar com o noivo e, segundo consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar, após a troca, o suspeito também deu um soco no companheiro da vítima.

Ainda de acordo com o registro policial, o suspeito estava acompanhado do irmão, que, segundo consta no documento, é cabo do Corpo de Bombeiros.

Após o soco, o noivo da vítima revidou e houve uma discussão com o militar. O suspeito e o irmão saíram para o bar dentro do estádio, sendo seguidos por Yasmin, de 28 anos, que testemunhou o fato.

Em contato com o g1, Yasmin disse que que estava no estádio acompanhada do noivo. Ela disse que os seguranças do Mineirão tiraram o suposto abusador e o irmão dele do setor amarelo e os transferiram para o vermelho.

Ainda de acordo com ela, os seguranças do estádio também afirmaram que não poderiam encostar no amigo do suspeito pelo fato de ele ser militar Ao perceber que a dupla estava querendo ir embora, ela e o noivo foram até o setor.

Houve uma discussão, ela começou a falar mais alto e o amigo do abusador a chamou de “vaca”. Ela afirma que, por esse motivo, foi vítima de injúria.

Ao g1, a vítima, que não quis ser identificada, disse que sempre acompanha os jogos do Atlético-MG – ela é integrante de uma torcida organizada – e que esse tipo de situação nunca havia acontecido.

“O certo deveria ser tirar os dois do estádio. Fiquei super chateada da forma que aconteceu. Vou em todos os jogos do galo e isso nunca aconteceu. É um abuso. Um cara que não conheço. Independente se estava tonto ou não, não é certo””, disse.

Ela também reclamou do atendimento dos policiais no Mineirão e na Delegacia da Mulher. A vítima disse que ainda no estádio os policiais faziam a mesma pergunta várias vezes e que se sentiu constrangida e como se estivesse errada. “Foram mais de seis vezes fazendo a mesma pergunta, como se quisessem que eu mudasse a fala”, relata.

Na delegacia, ela reclamou da demora no atendimento. Ela chegou às 20h e saiu às 3h30. Disse também que a equipe no local deu mais atenção ao suspeito e ao irmão dele do que a ela.

Segundo consta no boletim de ocorrência, o militar teria feito gestos de ameaça e mostrou o celular como se estivesse filmando.

Uma outra testemunha disse que o militar começou a tirar fotos e a fazer ameaças. Ele teria dito: “Vou pegá-los lá fora. Já estou ligando para os meus amigos da polícia. Tinha que estar aqui armado para matar todo mundo”

Ainda segundo o registro oficial, o bombeiro e o amigo tentaram fugir do estádio quando perceberam que a testemunha solicitou a presença da polícia, mas foram impedidos pela Torcida Jovem Atleticana. Todos foram conduzidos para a Delegacia de Mulheres e liberados.

Em nota, o Mineirão informou que lamenta e repudia qualquer caso de importunação sexual que aconteça dentro de seus limites.

“O Gigante lembra que realiza campanhas educativas e, com a retomada dos jogos com público, no segundo semestre do ano passado, intensificou o trabalho de atendimento, acolhimento, encaminhamento e acompanhamento de vítimas. Tais procedimentos foram feitos no caso ocorrido na partida entre Atlético e Santos, no último sábado (11), pelo Campeonato Brasileiro.”

Afirmou também que “os vigilantes recebem constantemente instruções sobre como agir para casos de importunação sexual ou de qualquer tipo de discriminação”, que “tem um canal de denúncias por Whatsapp, com cartazes de QR Codes espalhados pelo estádio” e que está à disposição das autoridades para colcaborar nas investigações.

g1 entrou com as polícias Civil e Militar e com o Corpo de Bombeiros e aguarda retorno.

“Sou contra qualquer tipo de asédio”, diz suspeito

 

Em conversa com a equipe de reportagem do g1, o suspeito contou outra versão. De acordo com o homem, ele e outro torcedor começaram a discutir por conta de uma copo de cerveja derramado.

“Ele me xingou e eu o empurrei. Nisso, a torcida organizada veio atrás de mim, e os seguranças me retiraram do setor amarelo e me passaram para o vermelho. Trocamos insultos e os torcedores da organizada disseram que iam pegar depois do jogo. Falei que podiam vir, pois não tinha medo. Até aí, coisa de jogo”, disse.

Ainda, segundo ele, um casal que estava no local também começou a xingá-lo. Foi quando começou uma nova discussão e ele chamou a mulher de “vaca” .

“Eles xingaram e falaram alguns palavrões. Eu revidei. Fomos levados para delegacia do Mineirão, e o que era uma discussão de campo virou importunação sexual e injúria contra esta mulher, o que não houve. Até uma segurança do Mineirão que viu tudo foi testemunhar a meu favor. No calor do momento, acho sim que me excedi quando a chamei de ‘vaca’ e me arrependo disso”.

O homem que é casado a mais de 10 anos e tem dois filhos, uma mulher de 21 anos e um menino de 7, afirmou que é contra qualquer tipo de importunação.

“Sou contra qualquer tipo de assédio. Vou pedir as filmagens ao Mineirão para provar não houve importunação sexual, mas sim uma discussão entre torcedores. Não sou nenhum santo e me arrependo muito de ter xingado ela, pois até então, ela nem existia na história”.

Outros casos

 

O caso do último sábado é mais um de uma série de registros de casos de importunação sexual dentro do Mineirão que aconteceram nos últimos meses. Em novembro do ano passado, ao menos três mulheres denunciaram terem sido vítima de importunação sexual no estádio em um intervalo de apenas oito dias.

Em abril deste ano, uma jovem de 22 anos relatou ter passado pela mesma situação após um jogo do Atlético-MG. Ela alegou que teve o cabelo puxado e foi beijada à força

G1 MG