Pesquisadores da UFMG desenvolvem teste capaz de detectar quatro tipos de dengue

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um método capaz de detectar quatro tipos de dengue de forma mais sensível.

Neste ano, a doença está em alta no estado. Até 4 de maio, 20.086 casos e nove óbitos foram confirmados. Em todo o ano passado, oito pessoas morreram por dengue em Minas, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.

A ferramenta se baseia em nanotecnologia: são utilizados nanobastões de ouro recobertos por uma proteína do vírus da dengue. Quando o soro de amostras de sangue do paciente com suspeita de dengue entra em contato com esses nanobastões, acontece um fenômeno físico.

“Na superfície do ouro está cheio de elétrons. Quando alguma coisa se liga à superfície de ouro, acaba causando uma perturbação nesses elétrons, que emitem luz (…) Como é um fenômeno elétrico, diferente do (teste) Elisa, que é um fenômeno enzimático, o nível de sensibilidade da técnica é milhares de vezes superior a de um teste convencional”, explica o virologista e pesquisador do Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG, Flávio Fonseca.

A sensibilidade ampliada faz com o teste detecte com precisão se o paciente tem zika, dengue ou chikungunya – muitas vezes, os testes tradicionais não conseguem diferenciar. Além disso, a metodologia pode identificar qual o tipo de dengue: 1, 2, 3 ou 4.

Casos de dengue em 2022 superam os números de todo o ano passado

Segundo o professor, os pesquisadores vêm trabalhando nessa técnica há cerca de seis anos. Recentemente, a equipe fez uma parceria com o Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG, que desenvolveu um software capaz de analisar os resultados do teste de maneira precisa e rápida – em até quatro horas, após a coleta do soro.

“Não adianta desenvolver um método que só o cientista consegue ler no laboratório. O que nós publicamos recentemente foi o desenvolvimento de um software capaz de analisar o sinal eletrônico e transformar em uma resposta simples que o técnico possa fazer a leitura”, diz Fonseca.

A tecnologia foi patenteada pela UFMG e, agora, está sendo oferecida para a indústria.

“O próximo passo é transformar isso em um produto, um protótipo. A gente precisa de um parceiro na indústria para produzir e replicar essa metodologia para ela chegar ao mercado”, afirma Fonseca.

G1 MG