A Polícia Federal (PF) desencadeou, nesta sexta-feira (3), a Operação Lobos 2 contra suspeitos de abuso sexual de crianças e de adolescentes e de produzir, divulgar e armazenar pornografia infantil. Além disso, a ação busca localizar e resgatar vítimas que possam estar em situação de extrema violência (veja vídeo acima).
Ao todo, para esta sexta, foram emitidos oito mandados de prisão preventiva e 104 de busca e apreensão, distribuídos em 55 cidades de 20 estados(confira mais abaixo) e no Distrito Federal. Ao menos 25 pessoas foram presas, 18 delas em flagrante, segundo a Polícia Federal.
“Posso até considerar que ele era o alvo 01 do mundo no que ele fazia de hospedagens de pornografia infantil na deep web. Era o principal criminoso do mundo nesse tipo [de crime]. Tivemos a participação de várias policiais, o FBI, dos EUA, o NCI, da Inglaterra, todos os países mais desenvolvidos do mundo colaboraram nessa investigação”, declarou o delegado federal Renato Cintra.
Esse homem era dono de cinco dos maiores fóruns do mundo sobre o tema, com páginas com sobre estupro de bebês, crianças ou com violência que eram acessadas por 1,8 milhão de pessoas, disse o investigador.
Todo o conteúdo ilícito era veiculado na dark web, uma parte da deep web, como é chamada área da internet que não pode ser acessada através de buscadores comuns. Os alvos dos mandados de prisão nesta sexta, segundo a PF, são pessoas que montaram outros sites para manter a produção e compartilhamento de cenas de abuso sexual.
A Polícia Federal em Pernambuco, em conjunto com polícias de outros países, investigava desde 2016 uma rede de abuso e produção de pornografia infantil, com troca de informações com as polícias internacionais.
“Um dos administradores do fórum estava em Pernambuco e foi preso em 2017. Começou uma longa investigação, que foi mantida sempre em sigilo, nada foi divulgado. Assim, chegamos à prisão do alvo [em SP] que hospedava todos esses fóruns, que chegavam a mais de 1,8 milhões de pessoa em todo o mundo”, detalhou o delegado.
Os cinco fóruns, explicou Cintra, foram tirados do ar em 2019. “Foi um impacto grande na deep web porque retiramos os cinco maiores fóruns de pornografia infantil, mas outros vão surgindo. É uma coisa que dificilmente vai acabar. Na época, eram os cinco maiores, os grandes fóruns. Todos eles tinham mais de 200 mil membros cada um”, disse.
Após a prisão desse alvo principal, em 2019, a PF descobriu um grande esquema comandado por ele que envolvia a divisão de tarefas de pessoas como arregimentadores, administradores, moderadores, provedores de suporte de hospedagem, produtores de material, disseminadores de imagens, entre outros.
“Os fóruns, na maioria, eram em inglês, mas havia pastas em várias línguas. Havia facilidade de comunicação. Entrando no fórum, a língua principal era o inglês, mas havia pastas em alemão, italiano, espanhol, qualquer língua estava no fórum e a pessoa poderia entrar com a sua língua e se comunicar”, afirmou Cintra.
Ao todo, foram mais de cinco anos de investigação. “Eram pessoas que acessavam, que postavam, trocavam ideias, produziam material, divulgavam vídeos, divulgavam fotos de abuso sexual”, declarou o delegado.
Os crimes investigados na Operação Lobos II são a venda, produção, disseminação e armazenamento de pornografia infantil e estupro de vulnerável, entre outros que possam surgir durante apuração.
Material encontrado em um dos locais alvos dos mandados de busca e apreensão da Operação Lobos II, nesta sexta-feira (3)