Estudos feitos pelo governo do Estado, infectologistas e especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) projetam que o pico de casos de coronavírus em Minas deve acontecer entre meados de julho e o mês de agosto, de acordo com informações repassadas nesta quarta-feira (3).
Segundo o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, essas projeções podem mudar o tempo todo, conforme a população reage à pandemia, e já são bem diferente do início do ano. “Essa projeções tiveram inicialmente um banco de dados que eram os casos no Brasil e a tendência de casos no país. Isso lá no início de março, quando Minas tinha muito pouco caso ainda. E nesse contexto nós fazíamos uma projeção baseada em casos do Brasil mas com a população do Estado. Isso nos dava uma ideia do número de casos que teríamos e quando ocorreria o pico”, disse.
“Nesse contexto nós entendemos que temos alguns picos projetados, que está para meados de julho, e também um quantitativo de casos esperado se tudo se mantiver como está. O fato é que é impossível não termos mudanças”, afirmou.
Ainda de acordo com Amaral, o isolamento social é um fator chave para o achatamento da curva de casos da doença. “Semanalmente, nós viemos fazendo um ajuste, e o que passou a ter uma interferência grande foi o isolamento praticado em Minas, o que mudou consideravelmente a altura desse pico, a quantidade de infectados projetados e a data desse pico. Com o passar do tempo, MG começou a ter mais casos. E uma vez que o Estado tinha uma quantidade significativa, que permitia que a nossa análise fosse mais precisa, nós começamos a acompanhar Minas com uma tendência, com a população de Minas”, completou.
Agosto
Durante uma reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o infectologista Carlos Starling, que integra o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte, estudos da prefeitura e de pesquisadores da UFMG indicam que o pico da pandemia deve ocorrer no em agosto. “Nós estamos projetando para agosto a chegada desse pico. Para fins de planejamento é fundamental utilizar essas informações para que o retorno às atividades seja num momento de declínio”, pondera.
O médico considera que o ideal, na verdade, é não ocorrer um momento de grande pico, mas oscilações com o decorrer do tempo até a diminuição do número de infectados. “Nós estamos trabalhando em Belo Horizonte e Minas Gerais para não ter pico, e sim um aumento na incidência sem deixar explodir o Sistema de Saúde. A minha preocupação é com o sistema de saúde nas cidades polos e do interior de Minas, cuja capacidade de resposta a uma epidemia tem suas limitações pela própria limitação do número de leitos e pessoal para atender. A minha preocupação é exatamente com o momento que estamos vivendo hoje”, concluiu.
Plataforma independente
De acordo com um estudo feito feito por cientistas da Funcional Health Tech, plataforma independente que coleta dados relacionados à saúde em todo o país o Brasil, na escalada como está, o Brasil terá mais de 1,7 milhão de infectados, o que colocaria o país perto de ser o mais infectado no mundo.
Em Minas Gerais, o pico deveria ser em setembro, quando o Estado alcançará a marca de 90.757 doentes. Conforme disse o secretário de Estado de Saúde, essa diferença de projeção ocorre porque os dados analisados seriam mais “distantes” da realidade local. Para a análise, o estudo usou o modelo matemático de epidemiologia SEIR.
Números
Conforme o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde nesta quarta-feira, Minas tem, até o momento, 12.010 casos confirmados de coronavírus e 306 óbitos em decorrência da doença. Outras 201 mortes encontram-se em investigação.