A vereadora Carolina Yunes Acevedo, presidente da Câmara de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, vai assumir interinamente a administração da cidade após o assassinato do prefeito José Carlos Acevedo. Ele teve o carro atingido por diversos tiros no momento em que saia da prefeitura na terça-feira (17), na cidade vizinha a Ponta Porã (MS) e morreu neste sábado (21).
Carolina é esposa do governador do departamento (o equivalente no Brasil a estado) de Amambay, Ronald Acevedo, que era irmão do prefeito assassinado. Ela também é mãe de Haylee Carolina Acevedo Yunis, jovem que morreu aos 21 anos em uma chacina, também em Pedro Juan Caballero.
Em entrevista a uma rádio paraguaia, Carolina falou sobre o medo. “Não sei o que podemos esperar desta gente, se mataram minha filha que não tinha nada a ver e agora ao meu cunhado. Quem será o próximo?”, disse, completando: “estou aterrorizada”, com a violência.
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José Carlos está sendo velado desde a madrugada deste domingo na Câmara de Vereadores de Pedro Juan Caballero e será sepultado por volta das 15h, no cemitério Cristo Rei, em Ponta Porã, no jazigo na família. No local também está sepultada a sobrinha, morta no ano passado.
A cunhada do prefeito assinado deve ficar no cargo até a realização de novas eleições para a prefeitura, como determina a legislação paraguaia.
Nos últimos anos a família Acevedo vem sendo alvo de vários atentados na região:
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No dia 26 de outubro de 2010, o então senador Robert Acevedo, irmão de José Carlos (prefeito assassinado de Pedro Juan Caballero) e do atual governador de Amambay, Ronald, sofreu um atentado. Pistoleiros dispararam contra a caminhonete em que estava, próximo a rodoviária de Pedro Juan Caballero. O motorista e o segurança morreram.
Robert recebeu um tiro no braço e outro de raspão na cabeça e na época denunciou que o ataque havia sido planejado por facção ligada ao tráfico de drogas e que sua vida valia US$ 300 mil para os criminosos. Ele morreu de Covid-19, no ano passado.
Robert Acevedo, na época do atentado, em 2010
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Em 9 de setembro de 2016, a rádio Amambay, em Pedro Juan Caballero, empreendimento da família Acevedo, foi atacada com uma bomba. Uma locutora e seu entrevistado ficaram feridos. Na época a polícia paraguaia divulgou suspeitar que a ação também fosse uma represália de grupos de narcotraficantes. Robert era então presidente do Congresso paraguaio.
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Quase dois anos depois, em 18 de agosto de 2018, um suboficial da Polícia Nacional do Paraguai, Diego Gerado Maidana, que atuava como segurança de Robert, na época deputado, foi assassinado por pistoleiros na colônia Guavirá, no departamento de Amambay.
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No dia 9 de outubro de 2021, a filha do governador de Amambay, Haylee Carolina Acevedo Yunis, morreu em uma chacina em Pedro Juan Caballero. Ela e outras três pessoas tinham acabado de sair de uma casa noturna e estava em um carro quando suspeitos desceram de uma caminhonete, atiraram em todos que estava no veículo e fugiram.
Na época, a polícia apontou que uma das pessoas que estava no carro, Omar Vicente Álvarez Grance, de 32 anos, o “Bebeto”, seria integrante de uma facção e o verdadeiro alvo do atentado. Veja vídeo abaixo do momento do crime.
De gravata azul, Ronald Acevedo, ao lado do irmão José Carlos Acevedo.
Na quinta-feira (19), Dois homens e uma mulher foram presos em Pedro Juan Caballero pela suspeita de envolvimento no atentado ao prefeito. As prisões foram feitas durante buscas em diversos imóveis, realizadas pela Polícia Nacional do Paraguai.
De acordo com a polícia paraguaia, durante as buscas foram apreendidos 31 carregadores de armas de fogo, sendo 21 de pistola nove milímetros. A polícia ainda não apontou qual teria sido a motivação do crime.
Onde fica Pedro Juan Caballero
Pedro Juan Caballero é a capital do departamento de Amambay, no Paraguai. Na fronteira com o Brasil, apenas uma rua separa a cidade de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. Tem cerca de 100 mil habitantes e é conhecida pelo comércio de produtos importados e contrabandeados.
Também é apontada pelas polícias como uma das principais rotas de passagem do tráfico de drogas, armas e agrotóxicos para o Brasil e, por isso, local de atuação de várias facções criminosas.
G1 MATO GROSSO DO SUL