Zema diz que sancionou lei que permite refinanciamento de dívidas do estado com a União.

O governador de Minas GeraisRomeu Zema (Novo), abriu em vídeo gravado a coletiva de imprensa para tratar da situação financeira do estado, nesta segunda-feira (20), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

Ele disse que sancionou nesta segunda o projeto de lei aprovado em 2º turno pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que autoriza o estado a celebrar um contrato de refinanciamento de dívidas com a União.

“A lei que sancionamos é uma solução parcial, mas necessária porque a qualquer momento as liminares obtidas junto ao Supremo Tribunal Federal podem cair, aquelas que suspenderam o pagamento das parcelas da dívida. Sem estas liminares teríamos de quitar R$ 31 bilhões não pagos desde junho de 2018, além de outros R$ 9 bilhões de juros e multas, somando mais de R$ 40 bilhões”.

Zema falou que, mesmo assim, a iniciativa é insuficiente para resolver o problema de caixa, já que a alternativa obriga que o estado pague R$ 4,8 bilhões à União ainda neste ano.

Para ele, a solução é parcial e necessária, mas somente a adesão completa ao regime de recuperação fiscal resolveria o problema da dívida mineira.

A proposta de autoria do executivo que prevê a adesão também está tramitando na ALMG, mas ainda não foi votada em Plenário.

Ao centro da mesa, os secretários de estado de Fazenda e de Planejamento e Gestão, Gustavo Barbosa e Luísa Barreto — Foto: Cláudia Mourão/TV Globo

Fazenda

 

Depois do pronunciamento de Zema, o secretário de estado de Fazenda, Gustavo Barbosa, também se manifestou.

Barbosa explicou que o estado não paga as dívidas desde junho de 2018 e que a Lei de Recuperação Fiscal (LRF) seria a solução, pois o estado tem uma dívida ativa de R$ 39,13 bilhões e que esse valor tem que ser refinanciado, em parcelamento de 360 meses.

Para aderir à LRF, o estado precisa estar enquadrado em três requisitos. São eles:

Art. 3º LC nº 159/2017

  • Receita corrente líquida anual menor que a dívida consolidada ao final do exercício financeiro anterior ao do pedido de adesão.

  • Despesas

a) correntes superiores a 95% (noventa e cinco por cento) da receita corrente líquida aferida no exercício financeiro anterior ao do pedido de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal; ou

b) com pessoal, que representem, no mínimo, 60% (sessenta por cento) da receita corrente líquida aferida no exercício financeiro anterior ao do pedido de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.

Planejamento e Gestão

 

A secretária de estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, disse que o impacto previsto nos cofres estaduais em 2023 é de R$ 10,8 bilhões e também ressaltou que Minas fará a adesão ao artigo 23 da Lei Complementar 178, “mas que não resolve o problema”.

Luísa explicou que, com esse valor, é possível pagar 100% da folha de pessoal da Secretaria de Educação, sobrando ainda cerca de R$ 1 bilhão. O recurso seria suficiente para financiar 75% de todas as despesas que o estado tem com manutenção e desenvolvimento do ensino.

Ela ainda destacou que R$ 10,8 bilhões correspondem a 1 ano e 4 meses de todas as despesas que o estado tem com ações e serviços públicos de saúde, inclusive a folha de pessoal e manutenção dos hospitais.

A secretária falou que com esse valor consegue pagar toda a folha dos órgãos da segurança pública, com sobra de R$ 1,5 bilhão; financiar toda a política de segurança pública do estado, considerando gastos de custeio e capital, por mais de 18 anos; seria possível adquirir mais de 110 mil viaturas policiais utilitárias; pavimentar mais de 5,4 mil quilômetros de rodovias; financiar quase 80% de todas as despesas relativas aos demais poderes do estado, além dos órgãos autônomos (Judiciário, Legislativo, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública).

Déficit para 2023

 

O orçamento do governo de Minas Gerais, previsto para 2023, já previa um rombo de R$ 11 bilhões, quase o mesmo deste ano, R$ 11,7 bilhões. Segundo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovado em turno único pelo plenário nesta terça-feira (14), a receita deve chegar a R$ 114,6 milhões, enquanto que as despesas previstas somam R$ 125,6 bilhões.

Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais — Foto: Luiz Santana/ALMG

A expectativa é de um aumento de 18,22% na arrecadação, em relação a 2022. A maior fonte segue sendo o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No fechamento do ano de 2021, ela foi a responsável por 73,6% da receita proveniente dos tributos.

A previsão é que 68,16% do total das despesas sejam gastas com pessoal.

G1 MG