Segundo o ministro da Economia, os investimentos estão dentro da legalidade, mas a proximidade das eleições causa o ruído.
Mesmo não tendo sido questionado sobre o assunto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, usou o espaço da apresentação em um evento virtual, durante as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), para defender que seus investimentos em offshores são legais e declarados. A fala ocorreu nesta sexta-feira (8).
Guedes sustentou não haver ilicitude na empresa aberta em paraíso fiscal, nas Ilhas Virgens Britânicas. Disse, ainda, que os investimentos estão devidamente declarados. Em 2019, antes de assumir o ministério, o economista informou a existência da offshore ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com valor inicial de aplicação de U$ 9,5 milhões.
A Comissão de Ética Pública recomendou a Guedes que não atuasse em interesse próprio enquanto estivesse à frente do ministério, pelo fato de possuir a offshore. Agora, o órgão apura se houve descumprimento da orientação. Na reunião virtual, Guedes reiterou que não fez movimentação de “trazer dinheiro do exterior, mandar dinheiro para o exterior”.
Para ele, o assunto ganhou destaque em razão da proximidade das eleições. Guedes defendeu a ideia de que tudo além daquilo que estava afirmando não passava de “barulho”. “O resto é barulho, e acho que vai piorar quando formos para as eleições”, disse.
Pesquisa do Instituto Realtime BigData encomendada pela Record TV mostra que 64% da população brasileira acredita que o presidente deveria demitir o ministro da Economia. Para uma parcela ainda maior dos entrevistados (68%), Guedes não tem condições de permanecer no cargo e 64% reprovam a gestão dele à frente do superministério.
O instituto ouviu mil pessoas de todas as regiões do país por telefone nesta quinta-feira (7). O levantamento tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%. De acordo com os dados, somente 21% dos entrevistados avaliam positivamente a atuação de Guedes enquanto 15% não souberam avaliar ou preferiram não responder.